A reabertura da Casa Mário de Andrade traz a exposição “A Origem de Macunaíma”, que utiliza recursos tecnológicos permitindo a imersão do público no universo do escritor modernista e aos fascinantes mitos retratados em sua obra-prima, Macunaíma. Em cartaz até o dia 4 de agosto, a mostra tem como objetivo estabelecer uma conexão entre passado, presente e futuro com o universo do modernista.
Obra-prima do modernismo brasileiro, Macunaíma foi escrito em 1928 e ainda hoje é um livro de referência para compreendermos nossa diversidade cultural. A exposição “A Origem de Macunaíma” contará com três partes: uma experiência interativa em realidade virtual (VR); uma exposição sobre a expedição Koch-Grünberg de 1911, a partir da qual o autor descobriu os mitos de Macunaíma relatados por indígenas e registrados pelo etnógrafo alemão Theodor Koch-Grünberg; além de uma visita virtual ao Monte Roraima, considerado sagrado pelos povos indígenas que vivem ao seu redor. Segundo Francisco Almendra, curador da mostra e diretor do Studio KwO, a ideia da exposição surgiu em 2021, quando o mundo se encontrava ainda imerso na pandemia.
“A proposta surgiu do desejo de viajar a algum lugar distante por conta do confinamento forçado, e voltei a sonhar com um desejo antigo e enigmático: o Monte Roraima – ou Rorõ-imã, que nas línguas indígenas Pemon significa “o grande verde-azulado” – uma muralha de pedra envolta em nuvens erguendo-se centenas de metros verticalmente ao redor das selvas e campos da tríplice fronteira entre Brasil, Venezuela e Guiana”, explica Almendra.
Localizado no coração da Amazônia, o Monte Roraima é um verdadeiro “Monte Olimpo” latinoamericano, pois segundo a tradição local, em seu cume compartilhado por três países vive o deus-herói complexo e ambivalente Makunaimã, nada menos que a entidade indígena que inspirou Mário de Andrade a escrever seu clássico modernista, Macunaíma. “Fiquei surpreso ao descobrir a ligação entre o Monte Roraima e Macunaíma, e a partir daí nasceu o desejo de criar uma narrativa imersiva, revelando os mitos indígenas da região para o público, e democratizando o acesso aos segredos dessa montanha icônica”, diz.
Mário de Andrade e Macunaíma
O livro Macunaíma de Mário de Andrade entrelaça o folclore e a cultura de diversas regiões do Brasil, mas suas fontes não são óbvias para o público leigo. Reconhecer a origem do protagonista do livro é uma maneira de valorizar e reconectar-se com as culturas indígenas locais, fundamentais para a identidade cultural do Brasil.
Muitos desconhecem que o autor descobriu os mitos de Macunaíma através dos relatos indígenas registrados na obra ‘Do Roraima ao Orinoco’, fruto da expedição do etnógrafo alemão Theodor Koch-Grünberg em 1911-1913. O exemplar original deste livro em alemão que pertenceu a Andrade encontra-se na biblioteca do IEB-SP, e proporciona uma experiência emocionante ao folhear suas páginas e testemunhar a formação do famoso herói sem caráter nas anotações feitas a lápis pelo autor.
Serviço:
Exposição ‘A Origem de Macunaíma’
Data: Até 4 de agosto de 2024
Local: Casa Mário de Andrade – Rua Lopes Chaves, 546 – Barra Funda – São Paulo
Horário de funcionamento: Terça a domingo, das 10h às 18h
Entrada gratuita
Classificação: Livre
Experiência em realidade virtual: Somente com agendamento pelo site: www.origemdemacunaima.com.br . Classificação 12 anos.